quarta-feira, 13 de julho de 2011

"UM CONTRATO COM DEUS" DE WILL EISNER INAUGUROU UMA NOVA ERA NOS QUADRINHOS: AS GRAPHIC NOVELS

Autor: Jorge Hata Facebook | Twitter




TÍTULO: UM CONTRATO COM DEUS E OUTRAS HISTÓRIAS DE CORTIÇO
PUBLICAÇÃO: 1988
EDIÇÃO: ÚNICA
CAPA, ILUSTRAÇÕES, ROTEIRO E ARGUMENTO: WILL EISNER
ORIGEM: EUA
EDITORA: BRASILIENSE
CATEGORIA: GRAPHIC NOVEL
GÊNERO: SUPER-HERÓIS
PÁGINAS: 192
FORMATO: 21 X 30 CM
PRODUTO: COLORIDO/LOMBADA QUADRADA

O termo Graphic Novel foi criado por Will Eisner para designar uma forma diferente de fazer quadrinhos, com histórias autocontidas e inéditas (diferentemente das edições encadernadas que só traziam republicações), roteiros mais elaborados, publicadas em formato diferenciado e com uma qualidade gráfica comparada à dos melhores livros. Na Europa, esta noção de quadrinhos já existe há algum tempo sob o nome de álbum. Porém, a grande maioria foi antes publicada de forma seriada em alguma outra revista. No Brasil, o conceito de Graphic Novel ainda é incerto. Para não encarecer o custo das edições, as editoras brasileiras não usam em suas capas o papel cartão, optando por um papel pouco mais grosso que o interno, utilizam lombada canoa (com grampos) em vez da quadrada (igual a um livro), o que deixa as graphic nacionais com aspecto de revistas em formato grande. Will Eisner é considerado o pai das Graphic Novels. Em 1978 ele lançou nos EUA A Contrat With God And Other Tenement Stories, editada pela Kitchen Sink Press.



O sucesso alcançado foi quase imediato, o que levou Um Contrato com Deus a ser traduzida para seis idiomas, inclusive o português, sendo publicada no Brasil pela Editora Brasiliense. Apesar de ter sido lançada antes, Um Contrato com Deus só foi vendida em livrarias comuns e por isso a fama da primeira graphic acabou ficando para Sabre, de Don McGregor e Paul Gulacy, também de 1978, editada pela extinta Eclipse Comics e somente para o mercado direto americano. Ela não tinha a mesma qualidade e requinte gráfico que a edição de Eisner, mas atingiu os leitores de HQs com efeito fulminante.


No mesmo ano, foi lançada pela Simon and Schuster o que pode ser considerada a primeira graphic da Marvel: The Silver Surfer, com história de Stan Lee e desenhos de Jack Kirby. Nesta edição, Lee aproveita o personagem criado pela dupla em 1966 num cenário completamente diferente, numa terra sem super-heróis com uma história centrada no aspecto humano dos personagens. Entretanto, como esta edição somente foi distribuída em livrarias, ela não é considerada pela Marvel como sendo sua primeira graphic. Infelizmente, esta edição nunca foi publicada no Brasil. Em 1982, a Marvel lançou a história da morte do Capitão Marvel por Jim Starlin com venda exclusiva para o mercado direto. Além da série Marvel Graphic Novel, ela editou também outros na linha Epic, seu selo adulto. Entre elas, tivemos Elektra Vive e A Morte de Groo. A D.C. começou sua linha de graphic novel em 1983 com Star Raiders, de Elliot S. Maggin e José Garcia-Lopez.


Nas suas primeiras edições, as Graphic Novels da D.C. era voltado para adaptações de histórias de grandes autores de ficção científica, como Ray Bradbury e Harlan Ellison, com algumas raras exceções, como Hunger Dogs, de Jack Kirby, que conta o tão aguardado final da saga dos Novos Deuses. Em 1987 era publicado o primeiro graphic do Homem-Morcego, Batman: O Filho do Demônio.


No Brasil, em 1988, a Editora Abril começou a publicar a sua primeira série de Graphic Novels, convenientemente chamada de Graphic Novel com a história X-Men: God Loves, Man Kills (X-Men: Deus Ama, Homem Mata), mas devido a uma pequena-censura-interna da Abril, ela acabou sendo chamada de X-Men: O Conflito de Uma Raça. Em seus primeiros números, a série Graphic Novel só publicou material da Marvel Comics, mas a partir do n.° 5 começou a lançar material de outras editoras e em seus últimos números passou a editar apenas materiais de álbuns europeus. A Editora Globo entrou no mercado de Graphic Novels em setembro de 1988 com o lançamento da Graphic Globo, que trazia Dreadstar, de Jim Starlin. Na edição n.° 7, a Globo publicou uma das primeiras graphics inteiramente feitas no Brasil, Samsara, de Hector Gómes e Guilherme de Almeida. Em 1989 a Abril lançou uma nova série chamada Graphic Album, com um acabamento gráfico melhor que a da série anterior e um ano depois foi a vez da Graphic Marvel, que seguia o mesmo padrão da Graphic Novel, mas publicando somente material da Marvel. Hoje, infelizmente, nenhuma editora parece mais apostar neste tipo de formato, restando aos leitores apenas sonhar com o dia em que poderão ler histórias com Signal to Noise (Neil Gaiman/DaveMcKean), Voodoo Child (Bill Sienkiewicz), Star Trek: Debt of Honor (Chris Claremont/Adam Hughes), entre outras.

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